Amou daquela vez como se fosse a última

A fotografia guardou o instante em que o amor se foi. Um sorriso preso no tempo, um olhar que já não vi mais... Mas a dor persiste, as lembranças são eternas naquela fotografia. E assim seguimos, entre luz e sombra. Entre o passado e o presente, o adeus e o olá.

Será que já faz tempo? Só sei que tempo suficiente... Tempo suficiente para sentir saudade. Tempo suficiente para nem lembrar mais de sua voz. Tempo suficiente para não conseguir montar sua imagem em alguma lembrança. Tempo suficiente para ficar meio vago. Mal lembro a gostosura que teu toque é... Sabe, foi tempo suficiente para querer rever. Pode aparecer por aqui outra vez.

Aqueles segundos nos quais fiquei pensando, pareciam uma eternidade, caí em um abismo. Nunca sei muito bem como estou, como vão as coisas. Não sei mais quando estou bem, então saiu uma resposta de nada com nada. Na verdade, nunca soube responder esse tipo de pergunta, não sei o que querem saber, não sei o que falar... Sempre sai algo falso, ou pela metade.

Quando te vejo, minha boca não se controla, começo a falar sem ao menos perceber. Meu corpo quando te vê, quer logo te dizer coisas. Fico com uma voz meio abafada querendo controlar alguma sinceridade muito alta. Minhas palavras chegam em frases atropeladas. Minha boca fala, fala, e eu só consigo te observar. Você está rindo. Será que de mim? Para mim? Não faço ideia. É tanta verborreia, não sei como ainda está aqui... Mas para a minha surpresa, você está se aproximando, então, você me beija e, finalmente, minha boca se cala.

Fiquei tentando te escutar, mas a verdade é que nem lembro mais o som de sua voz. Pouco tempo foi suficiente para esquecer...

Gosto das possibilidades do seu jeito. Até da distância do seu olhar. Sua voz engraçada, que ri de tudo. Tenho medo que sua beleza cegue meu coração; pois seu cheiro já ofusca todo resto.

Um arrepio envolve meu corpo. Sinto você sussurrando. Não sei se quero ouvir suas palavras... Choro, soluço, mas finjo dormir... Não quero suas palavras. Você falava baixinho, mas minha tristeza gritava.

Quanta coisa perdida dentre esses seus cigarros... Ah! O cigarro. Como é lindo o jeito que você fuma. Pensamentos que se misturam com a fumaça. Você perde muita coisa com esses cigarros...

Cheiro. Cheiro de tudo. Consigo sentir no meu nariz. Quando sinto o cheiro de alguém, dificilmente esqueço. Cheiros que trazem todas as lembranças. quando sinto o perfume de alguém querido, fico cheirando o maior tempo que posso. Cheirinho gostoso que exala, aquele que quero guardar para cheirar sempre que der saudade...

Tô te olhando com esses olhos curiosos. Conta mais, eu preciso saber. Eu preciso ouvir. Quero saber tudo e nada... Me conta! Conta até o que já sei, porque ouvir suas palavras sempre parece novidade. Conta de novo. Conta o novo. Conta...